terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Se de Rudyard Kipling


Se puderes quardar o sangue-frio diante
de quemfora de si te acusar, e, no instante
em que duvidem de teu ânimo e firmeza,
tu puderes ter fé na própria fortaleza,
sem desprezar contudo a desconfiança alheia...
Se tu pudesres não odiar a quem te odeia,
nem pagar com calúnia a quem te caluniá,
sem que tires daí mutivos de ufania,
sonhar, sem permitir que o sonho te domine,
pensar, sem que em pensar tua ambição se confine,
e esperar sempre e sempre, infatigavelmete...
Se com o mesmo sereno olhar indiferente
puderes encarar a derrota e vitória,
como embutes que são de fortuno ilusória,
e estoico suportar que intrigas e mentiras
deturpem a palavra honesta que profiras...
Se pures, ao ver em pedaços destruida
pela sorte maldosa, a obra de tua vida,
tomar de novo, a ferramenta desgastada
e sem queixumes vãos, recomeçar do nada...
Se tendo loucamente arriscado e perdido
tudo quanto era teu, num só lance atrevido,
se puderes voltar à faina ingrata e dura,
sem aludir jamais à sanistra aventura...
Se tu puderes coração, músculos, nervos
reduzir da vontade à condição de servos
quem, embora exaustos, lhe obedeçam ao comando...
Se, andando a par dos reis e com os grandes lidando,
puderes consercar a naturalidade,
e no meio de turba a personalidade,
impávido afrontar adulações, engodos
opressões, merecer a confiança de todos,
sem que possa contar, todavia, contigo
incondicionalmente o teu melhor amigo...
Se de cada minuto os sessenta segundos
tu puderes tornar com teu suor fecundos...
a Terra será tua, e os bens que se não somem,
e, o que é melhor, meu filho, então serás um Homem!

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